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Archive for the ‘Poemas’ Category

O PILAR


Uma vez, para que a vida não desmoronasse,
construí um apoio

Tratava-se de um falso pilar,
algo feito com a areia do mar

O pilar não suportou os tremores e os impactos de alguém que existe,
que vive de verdade

O frágil apoio, naturalmente, caiu
A vida, entretanto permanece

Eu continuo aqui!

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Os longos cachos vermelhos que ela usava na graduação

Um corpo perfeitamente esculpido, que roçava com o meu no colegial

O olhar meigo com que me olhava no fundamental

Seu bom gosto para filmes
A ousadia de suas atitudes

Lembro-me sempre delas…
Observo-as no passado
Acaricio-as no passado
Beijo-as no passado
Amo-as no passado

Mas tudo isso agora não é…
Está morto!
Sou um necrófilo de um tempo perdido!

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QUATRO ANOS


Quatro anos…

Enclausurando-me solitariamente em bibliotecas, confraternizando com meus conhecidos em busca de respostas

Tendo aula com acadêmicos que levam uma vida monástica em nome da Deusa

Aprendendo com gurus que conseguem flutuar sobre as mentiras e a falsidade

Levando uma vida boemia,
indo de botequim em botequim,
festa em festa,
para aprender, com os filhos de Dionísio,
o sentido da alegria e da simplicidade

E agora, finalmente,
quando consigo abrir meus olhos,
percebo as correntes que me prendem a esse mar de lama e dissimulação

No entanto,
por mais que eu me esforce,
não consigo me libertar,
não consigo abandonar o porto

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O BAILE


A vida é como se fosse um baile a fantasia

Onde todos os convidados usam mascaras de porcelana

Assim,
Ninguém sabe qual vai ser a próxima música
Ninguém sabe com quem está dançando
Ninguém sabe quando a orquestra parará de tocar

Ninguém sabe quando sua mascara irá cair e quebrar

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Não aguento mais viver nessa ditadura da democracia

Onde trocam segurança por liberdade
Onde a voz do rebanho é a lei

E os Pastores… Ahhf! Os Pastores!
Os Pastores são como feiticeiros,
que nos alienam com sua magia,
para que ajamos como se brincássemos de “siga o mestre”

O problema é que nesse jogo quem perde sai,
é excluido,
e não volta até que se comece uma nova partida

Talvez só em uma outra vida
Quem sabe ai, então, não mudam o jogo,
troca-se de brincadeira

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Imensamente


eu quero a chama de uma violeta pétala
que perfure a verde-morta tessitura deste outono estúpido

quero um objeto sonhado no calor do vinho
cuja finalidade desconheçam
aqueles que buscam no mundo
utilidade para tudo

quero uma palavra nova
cores novas
nomes de cores tão fantásticos
que materializem seus espectros
ao serem pronunciados

quero melodias ouvidas em sonhos
eu quero o botão, a migalha, a gota

o minúsculo peixe de palavras úmidas
que desliza pelo sono das canções perdidas
que o balbuciar que deu origem ao primeiro vulto de palavra dita
pairando sobre o delírio de haver cidades e governo
sobre os mortos em seus alaúdes móveis inertes em fila
sobre a batucada, sobre a mansa histeria das vidas jogadas fora
me toque a íntima célula do sonho
e me precipite por sobe o fogo
para que eu desperte
imensamente

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Ex-tudos


I
não fosse a exatidão
do trivial redor
e suas cifras
chagas-
tehntativas de palavras

tudo se desvanesceria
e seria a poesia
rastro-
tentativas de objetos

II
o olho:
furo por onde vaza o todo
poro por onde o lume incide
na forma transposta dos corpos
que decodificulto em coisa

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